“Ela partiu, o João Vitor ficou e eu tive que fazer o meu papel de pai”

Pai que perdeu esposa após o nascimento do filho construiu uma família marcada pelo amor e pela força.

“Ser um pai novo, de primeira viagem, foi assustador. Ficar sozinho, ter que encarar tudo isso, foi mais assustador ainda. Mas hoje eu digo que foi uma escola para mim.”

A frase de Alexandre Strada, de 39 anos, morador da Linha Nova Sarandi, interior de Faxinal dos Guedes, resumiu com emoção uma das vivências mais marcantes de paternidade na vida dele. Há 18 anos, ele teve o maior presente da vida: o nascimento do primeiro filho. E também, quase ao mesmo tempo, viveu a maior dor, a perda da esposa, Ketny Pedroso de Morais, apenas 13 dias após o parto.

Aos 21 anos, Alexandre se viu diante de uma missão imensa, que foi criar o pequeno João Vitor, que acabava de chegar ao mundo. A gestação havia sido tranquila, desejada com carinho por ele e Ketny, que tinham se casado em 2005, ainda muito jovens. Mas dias depois do nascimento do bebê, a jovem mãe começou a sentir dores nas costas e falta de ar. Mesmo com os sintomas, Ketny foi liberada do hospital. Somente no dia seguinte foi diagnosticada com pneumonia. O quadro evoluiu para uma infecção generalizada e, mesmo com todos os esforços, Ketny não resistiu.

“Ela partiu, o João Vitor ficou e eu tive que fazer o meu papel de pai.”

Foi com a ajuda da família, especialmente da mãe, que ele deu os primeiros passos como pai solo, enfrentando críticas, responsabilidades e, principalmente, aprendendo, dia após dia, a cuidar, amar e guiar o filho.

“Graças a Deus minha mãe fez o papel de mãe e até hoje o João Vitor chama ela de mãe. Ele tem esse carinho que teria pela mãe dele por ela”, conta Alexandre, emocionado ao lembrar da rede de apoio que se formou ao seu redor.

João Vitor, Joana e Luiz Otávio (Fotos: Arquivo pessoal)

A dor se transformou em força e a ausência virou motivação. E, com o passar do tempo, a vida lhe apresentou novas oportunidades de amar. Alexandre teve mais um filho, Luiz Otávio, hoje com 13 anos, que mora com ele e com o irmão mais velho. E há uma década, reencontrou o amor ao lado da esposa Kelen. Com ela, veio também o presente de ser pai de coração de Joana, de 15 anos, filha dela, mas que considera Alexandre como figura paterna.

“Hoje a nossa família está completa. Graças a Deus a gente tem uma família abençoada, vive muito bem, existe muita harmonia… Tenho muita honra em dizer que esses são meus filhos”.

Se no começo tudo parecia assustador, hoje ele vê o caminho percorrido com gratidão e orgulho. “Foi o amadurecimento. Eu tive que enfrentar a vida, enxergar com outros olhos. A gente aprende a dar sentido à vida, ter alguém por quem a gente vai fazer qualquer coisa.”

Alexandre, a esposa Kelen, os filhos e seus pais (Foto: Divulgação)

E os filhos retribuem com palavras que valem mais que qualquer presente. João Vitor, o menino que cresceu ao lado de um pai incansável, é direto: “Meu pai é o centro da minha vida. Tudo o que eu faço e penso é baseado no que ele foi e é. Ele é a base pra minha vida.”

Luiz Otávio, com o carinho de todos os dias, completa: “Sem ele eu não sou nada. Desde toda a manhã que ele vem me acordar, escutar a voz dele, eu já fico feliz. Eu amo muito ele.”

“Ele me ensinou muitos valores. Eu só tenho a agradecer. Ele é uma figura paterna para mim e eu vou ser grata a ele para sempre”, expressa Joana, a filha do coração. 

Neste Dia dos Pais, a história de Alexandre lembra que a paternidade não se define apenas pela presença, mas pela entrega. E que amor, coragem e superação são os verdadeiros pilares de uma família.

“Eles são minha maior inspiração, minha maior força. É onde eu mais sinto vontade de levantar todo dia com o sorriso no rosto para enfrentar o dia a dia, enfrentar as dificuldades, enfrentar tudo por eles. Eu sou um pai muito feliz.”

 

Por Kiane Berté

10/08/2025 08h27 – Atualizado em 10/08/2025 08h28