Facisc pede ‘concentração de esforços’ e ‘agilidade’ para negociar tarifaço imposto por Trump

Fiesc também se mobiliza e promove reunião aberta do Comitê de Crise sobre o Tarifaço dos EUA.

A uma semana da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos entrar em vigor — 1º de agosto —, o governo federal ainda parece distante de um acordo comercial com o presidente Donald Trump. O cenário preocupa empresários de todo o país e entidades de classe se manifestam com frequência para cobrar celeridade nas negociações.

A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que representa mais de 45 mil empresas no estado, divulgou nesta quinta-feira, dia 24, uma nota em que “reforça sua preocupação e exige celeridade máxima na condução das negociações entre o Governo Federal e os Estados Unidos” (leia a íntegra mais abaixo).

A entidade frisa a proximidade da entrada em vigor do tarifaço e cita o sucesso de outros países, como Japão, Indonésia e Filipinas, que conseguiram estabelecer acordos recentes com a Casa Branca e reduzir os percentuais.

A Facisc também pede mais transparência nas tratativas em andamento. “A falta de clareza sobre as ações e canais de negociação, somada ao curto prazo restante até a implementação das tarifas, tem causado grande preocupação no setor produtivo”, diz a nota assinada pelo presidente da federação, Elson Otto.

Elson Otto, presidente da Facisc (Foto: Divulgação)

Setor madeireiro em alerta

O setor de produtos de madeira tem sofrido o pior impacto em Santa Catarina, já que quase 40% das exportações do estado para os EUA partiram desta área em 2024, totalizando US$ 650,7 milhões. Uma empresa do setor madeireiro de Ipumirim, no Oeste, já comunicou férias coletivas a quase 500 funcionários diante da proximidade da aplicação do tarifaço.

“Além de ser um setor estratégico para a economia catarinense, com crescimento de 131% na última década, é responsável por uma parcela significativa das exportações, reforçando sua importância para a geração de emprego, renda e para a sustentabilidade da indústria local”, diz ainda a nota da Facisc.

Reunião com indústrias exportadoras

Na próxima segunda-feira, dia 28, às 13h30, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) vai realizar uma reunião aberta do Comitê de Crise sobre o Tarifaço dos EUA. O evento será on-line e está com inscrições abertas a todas as indústrias exportadoras de Santa Catarina.

Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc (Foto: Divulgação)

“A mobilização dos industriais exportadores e a participação na reunião e na pesquisa são essenciais para que todas as perspectivas sejam consideradas, e dados robustos e confiáveis possam embasar as demandas para mitigar os impactos na economia de Santa Catarina”, avalia o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.

Durante a reunião, a entidade vai lançar uma pesquisa para medir os impactos da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre o setor industrial. A ideia é que a pesquisa subsidie propostas e encaminhamentos para a crise sob a perspectiva da indústria.

Nota da Facisc

  • A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC), que atualmente representa 45.318 empresas no estado, reforça sua preocupação e exige celeridade máxima na condução das negociações entre o Governo Federal e os Estados Unidos.
  • A FACISC entende que, diante da proximidade do prazo de validade das tarifas impostas aos produtos brasileiros, que entram em vigor em uma semana, o Governo Federal precisa atuar com máxima eficiência e agilidade. Enquanto outros países, como Japão, Indonésia e Filipinas, conseguiram estabelecer acordos recentes com a Casa Branca e reduzir suas tarifas, o Brasil permanece com dificuldades de estabelecer canais oficiais de diálogo. Isso coloca em risco a continuidade de um volume importante de exportações e de muitas empresas catarinenses.
  • Além disso, a Federação solicita maior transparência nas tratativas em andamento, de modo a diminuir a incerteza econômica que aflige o setor empresarial. A falta de clareza sobre as ações e canais de negociação, somada ao curto prazo restante até a implementação das tarifas, tem causado grande preocupação no setor produtivo.
  • Destacamos especialmente o impacto sobre o setor de produtos de madeira de Santa Catarina, que representa quase 40% das exportações do estado para os EUA em 2024, totalizando US$650,7 milhões. Além de ser um setor estratégico para a economia catarinense, com crescimento de 131% na última década, é responsável por uma parcela significativa das exportações, reforçando sua importância para a geração de emprego, renda e para a sustentabilidade da indústria local.
  • Diante desse cenário, a FACISC entende que o Governo Federal deve concentrar seus esforços em uma negociação direta, ágil e eficaz com o governo americano, buscando resolver esta questão o quanto antes, ao invés de alegar dificuldades na comunicação ou adotar medidas emergenciais que possam agravar ainda mais o cenário fiscal do país.
  • É essencial que o Brasil encontre uma solução concreta e rápida, garantindo a proteção aos produtos brasileiros.
  • Nosso compromisso é com o fortalecimento do setor produtivo, a preservação dos empregos e o desenvolvimento sustentável de Santa Catarina e de todo o Brasil.

 

  • ELSON OTTO
  • Presidente da FACISC
  • Por Jhonatan Coppini

    25/07/2025 09h30